Por Nando Pereira, via Dharmalog.com
Difícil imaginar a força desse encontro, e desse diálogo: o perguntador é Paramahansa Yogananda (1893-1952), um dos maiores yogues da Índia, autor da “Autobiografia de Um Iogue”, e o respondedor é Sri Ramana Maharshi (1879-1950), considerado por muitos o maior yogue do século XX. Muitas pessoas que encontraram Ramana Maharshi ao vivo falam da força da presença dele, de como súbitas clarezas e visões lhes apareciam, como repentinos silêncios se faziam em suas mentes, simplesmente por estarem em frente a Maharshi, algumas vezes até de olhos fechados.
A conversa é breve e aconteceu em novembro de 1935. Está registrada no livro “Face to Face with Ramana Maharshi”, compilado por Laxmi Narain (2009). O tema é o sofrimento humano e a percepção da natureza divina no ser humano. Ei-la:
Paramahansa Yogananda: Como a elevação espiritual das pessoas pode ser realizada? Quais as instruções para dar a elas?
Sri Ramana Maharshi: Elas diferem de acordo com os temperamentos dos indivíduos e a maturidade espiritual de suas mentes. Não pode haver nenhuma instrução em massa.
Yogananda: Por que Deus permite sofrimento no mundo? Ele não deveria usar Sua onipotência para evitá-la com um toque ou ordenar a percepção universal de Deus?
Maharshi: O sofrimento é a via para a percepção de Deus.
Yogananda: Ele não deveria ordenar algo diferente?
Maharshi: É como é.
Yogananda: Yoga, religião, etc., são antídotos ao sofrimento?
Maharshi: Quem sofre? O que é sofrimento?
(Depois dessa pergunta, não houve resposta. Yogananda se levantou, pediu as bençãos de Sri Ramana Maharshi para seu próprio trabalho e expressou grande arrependimento por ter que voltar. Ele parecia bastante sincero e devotado e mesmo emocionado.)
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Psicoterapeuta especializado em Gestalt Terapia, jornalista e professor de meditação na Pós-Graduação de Psicologia Transpessoal (Itecne). Autor do site Dharmalog.com e do livro Para Abraçar a Prática.